Os ciclos estão presentes em tudo. Dias e noites, fases da Lua, estações do ano, os ciclos dos planetas do Sistema Solar, os ciclos do Sol, nascimento, desenvolvimento e morte de estrelas, o ciclo de rotação do Sol em torno do centro da Galáxia etc. Os mesmos ciclos que, há bilhões de anos, geraram uma nuvem de gás e poeira cósmica a partir de uma supernova que posteriormente se reaglutinou formando nosso Sol e os planetas do nosso sistema, inclusive a Terra, nossa casa no presente ciclo cósmico da humanidade.

Assim como a natureza, também a jornada humana avança em ciclos, refletindo a complexidade e a beleza das transformações que todos enfrentamos. Nascimento, infância, adolescência, vida adulta, velhice e morte do corpo físico, todas essas fases contêm seus próprios ciclos, e ciclos dentro de ciclos.

Em uma vida humana bem-sucedida, os ciclos avançam como espirais, ascendendo a consciência pela imposição de obstáculos e do atrito do ambiente hostil à paz que chamamos de realidade. A arte da vida em harmonia consiste em percorrer o caminho pedregoso e escalar as rochas das dificuldades sem perder o bom humor e a graça nas atitudes e nas palavras nem arranhar a paz da consciência no dia a dia.

Fácil afirmar, quase impossível na prática para pessoas normais, excedendo-se as poucas almas com níveis de consciência acima da média.

Para a maioria de nós, alguns desse ciclos terminam e reiniciam sem qualquer ascensão, às vezes espiralando para baixo e deixando cicatrizes. As quedas, no entanto, não podem ser sentidas como derrotas, mas como oportunidades de aprendizado para conseguir fazer o movimento ascendente no ciclo seguinte.

Ciclos pessoais

Posso agora interpretar minha longa ausência do mundo digital e a pausa nas publicações digitais e físicas como um ciclo necessário de silêncio e de aprendizado profundamente pessoais. Essa introspecção é essencial para o crescimento e a liberdade de qualquer pessoa e, sendo eu uma pessoa qualquer, mediana, dentro da curva, naturalmente não escapei dessa regra. Não foi nem está sendo fácil.

Dificilmente é possível vencer ileso os ciclos mais conturbados da vida que nos jogam na dúvida, na negação, na rejeição temporária dos próprios valores, no turbilhão de emoções e no questionamento de quem somos e do nosso papel no mundo e nas vidas das pessoas que nos cercam.

Não saí desse processo ileso, obviamente. E é preciso sempre olhar para o próximo ciclo com mais firmeza e tentando sempre a mudança, em um processo constante até o último suspiro.

Momento brasileiro difícil

Assistindo às notícias constantes do drama humano sem precedentes na história recente do nosso país, pergunto-me qual a relevância do que digo ou faço diante do caos que afeta cruelmente as vidas de milhares de pessoas. O envio de ajuda, seja pontual ou para instituições, é o mínimo e esperado de qualquer cidadão. Havendo a impossibilidade de agir diretamente no trabalho físico ou enviar auxílio financeiro, resta-nos enviar o que de melhor tivermos no âmago, na esperança de que isso de fato faça alguma diferença.

Não há certeza, nem talvez probabilidade, de que isso faça qualquer diferença para quem perdeu tudo e está na dependência total da boa vontade de outras pessoas. No mínimo, essa tentativa sincera de envio de ajuda espiritual, mental ou seja qual for o nome que se queira dar, pode levar cada um de nós a sentir-se próximo da dor de milhares de pessoas e, quem sabe, ser movido por uma necessidade irresistível de fazer alguma coisa. Enviar pouco dinheiro não faz diferença? Faz. Se cada brasileiro enviasse somente 1 real, o montante seria superior a 200 milhões. Ainda é pouco, mas já faria uma brutal diferença nas vidas de algumas pessoas.

O desafio é saber para onde enviar o recurso. Infelizmente o mundo é complexo e há todas as formas de tentativas de golpe que podem desviar o donativo. Informe-se, procure canais confiáveis e faça o movimento do tamanho que couber no seu bolso.

Dias melhores virão.